Prelúdio à dissidência

Publicado  sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

E mesmo depois de tanto tempo, tocar naquele buraco escuro e cheio de sofrimento era muito difícil.
Há muito ele havia encontrado seu próprio jeito de fechar os olhos e engolir todos os pesares.
Um processo de despejar as decepções em algum ponto abissal da alma que inexoravelmente havia tornado seu coração sáxeo.
Aquilo de certa forma o satisfazia: preencher o vazio, ainda que com mágoas.
A disparidade entre seus imperativos categóricos e a pungente realidade não lhe deixava escolha.
Ele nunca quis ser triste.
E para os dotados daquele velho chauvinismo ignorante que argumenta paralógica e etnocentricamente que os tristes são somente os fracos de opinião, com problemas de auto-afirmação ou pessimistas sem auto-estima... que fossem para o inferno!
As pessoas não escolhem voluntariamente a tristeza.
Mas ela toma conta, domina, introjeta, assimila, seduz.
Sim, seduz.
Existe uma beleza oculta na tristeza.
E embora haja íntima ligação dela com a solidão, aqueles que são tristes, por mais que não saibam ou não sintam, nunca estão sozinhos.
A tristeza é uma língua universal.
Sem distinções.
É claro, ele ainda não entendia.
Então, como nunca havia acontecido nem nunca tornaria a acontecer, ela surgiu.
Sublime, inteira, irretocável.
Com um sorriso radiante, iluminava não só os lugares mas também as pessoas de uma maneira suave e inebriante.
Apesar de bonita, não era vaidosa, nem arrogante.
Ele irremediavelmente se apaixonou.
Contudo, o amor é um privilégio de maduros, e aquele desejo inconfesso de tê-la ao seu lado trouxe consigo um exame de consciência.
Ele percebeu logo que, mergulhado em sua dor atroz, ela nunca seria capaz de amá-lo.
Ela nunca poderia sentir por ele nada mais do que pena.
E foi assim que começou a história da batalha contra seu maior inimigo: ele mesmo.









p.s.: Marília, eeeuu jáááá saaabiiiiaaaa haha! PARABÉÉÉÉÉÉNS :D

5 comentários:

Marília disse...

A gente até engana os outros de que é feliz, mas por dentro a solidão só aumenta. Estar com alguém errado é lembrar em dobro a falta que faz alguém certo.

Muito Obrigadaaa! =D
É sempre muito bom saber que existem pessoas que torcem pela nossa felicidade e que ficam contentes por nossas conquistas.

Milton disse...

A solidão é necessária em certos momentos da vida. Não faz mal, não torna as pessoas infelizes, tudo depende de como a pessoa enxerga a solidão e como lida com ela. Forever Alone. Always. =)

Anônimo disse...

Ôôôôô bonitããão! Parabéns pra você também! Aeronáutica direto do colégio? Hahaha xupa CAASO!

Puxou pro meu lado da família, com certeza!

Shahira disse...

Hm,muito boom.
Fique sabendo que voce nunca estará sozinho,estarei ao seu lado sempre mesmo longe.
Afinal,comeria até cocô pra salvar sua vida. Hahahaha. Je t'aime Okuda.

Vitor Costa disse...

A solidão é tão necessária quanto a interação, mas sozinho pode-se ser autêntico, não disfarçar defeitos, nem sentimentos. Não fingir gostar, acreditar, viver...
às vezes a tristeza é decorrente da falta de solidão, da hipocrisia social, dos artificialismos necessários para não morrer de "fome"